Textos DCC

Proposta da Diretoria De Cultura e Comunidade FEPAL (2014-2016)

CORPO

O Corpo Humano é sensível e desejante.

São inúmeras as reflexões que surgem quando a palavra Corpo é apresentada. Como psicanalistas que somos, habituados à busca do significado das experiências psíquicas, a origem delas sempre nos atrai.

Uma das muitas inspirações que tal tema desperta nasceu a partir das tapeçarias A Dama e o Unicórnio, em exibição no Museu Cluny de Paris.  São seis tapetes, cinco deles representando os sentidos e o sexto representando o desejo. Como os tapetes se encontram dispostos em círculo, o espectador pode concluir que desejo pode tanto ser a primeira como a última obra.

Vindos do território europeu da Idade Média, imaginamos os tapetes fora do museu e em solo latino americano, impregnando-se das impressões sócio- culturais do Novo Mundo.

E é caminhando por esse fértil solo que nosso olhar se volta ao Corpo latino americano, atravessado pelo tempo, pela história de suas regiões, de seus países, pela política, deitado em suas raízes multiculturais.

A partir de todo esse percurso surge nossa proposta de pensar sobre a construção social dos nossos corpos, de colocar em evidência suas marcas, criando uma espécie de cartografia do corpo: suas expressões nas múltiplas manifestações artísticas, seu desejo, o gesto sensual, os tons da pele, o sono do corpo, a confusão do corpo, a fúria do corpo, corpos torturados, corpos desaparecidos, a dor do corpo, o corpo ausente.

Dentro e fora do consultório, o tema é um disparador sobre o fazer do psicanalista em diferentes espaços, onde o corpo torna-se suporte de diversas modalidades de intervenções clínicas. O psicanalista implicado no seu lugar de pertinência, como aquele que emerge do tecido social tramado pela miscigenação singular da América Latina.

Convidamos todos a explorar esses temas que nos colocam em confronto com os fenômenos do mundo, ainda inusitados para nós. A partir da captação do momentâneo, do circunstancial, das marcas do passado e do que impera hoje, em nosso continente, para onde se dirigirá nosso olhar?

Por fim, as experiências sócio culturais e políticas impressas no Corpo latino-americano serão esmiuçadas, do ponto de vista psicanalítico, no 31º Congresso da FEPAL, em setembro de 2016, em Cartagena.

ATIVIDADES PROGRAMADAS:
SIMPÓSIOS DE COMUNIDADE E CULTURA:
Dias 19 e 20 de junho de 2015, LIMA – PERU
Dias 12 e 13 de fevereiro de 2016, MÉXICO, DF- MÉXICO
Dias 27 e 28 de abril de 2016, SÃO PAULO – BRASIL

Magda Guimarães Khouri – Diretora de Comunidade e Cultura
Oswaldo Ferreira Leite Neto- Suplente da Diretoria de Comunidade e Cultura


I-CORPO

Primeira viagem: imaginação

Nós, aqui, em 2014, situados com propriedade em território latino-americano, em pleno século 21, recentemente olhamos para o horizonte meio escondido, como não poderia deixar de ser, pela presença de prédios que desejam arranhar o céu. Vimos então aterrissar, em nosso solo quente e úmido, cinco tapetes mágicos.
Com suavidade eles tocaram o chão. Percebemos de pronto que vinham de longe, no tempo e espaço que ficaram há muito para trás.
Sem esforço, notamos ainda, à distância, a rara beleza que deles se destacava. Com proximidade, no tato, percebemos que foram tecidos com fios de lã e seda, pouco apropriados, portanto, aos nossos dias quentes, antes chuvosos.
Era certo que deles exalava um odor de coisa antiga vindo de lugares distantes, possivelmente encerrados entre 4 paredes. A delicadeza de alguns deles, por pouco, muito pouco, não nos fez experimentá-los para sentir seu sabor. Suas figuras desenhadas nos pareciam tão reais que quase ouvíamos os passos da dama que estava lá, acomodada com seu unicórnio.
Nossa imaginação não deixou de reconhecer que os tapetes aterraram em nosso solo por onde caminham pés descalços, sorrisos largos, corpos que não aceitam com facilidade, desde há muito, serem cobertos e protegidos do que ainda lhes resta de natureza.
Nossa curiosidade despertada pelo desejo de conhecer, esse que nos acompanha desde sempre, nos fez saber que eles saíram das frias paredes europeias.
Soubemos que, por volta de 1500, enquanto os navegadores portugueses e espanhóis atravessavam o Atlântico para chegar nesse lado do mundo, artesãos medievais, de posse de todos seus sentidos e desejo, teciam em lã e seda seis tapeçarias que em tempos posteriores receberam o nome de a Dama e o Unicórnio[1]
Estes magníficos tapetes estão estendidos em uma parede circular no Museu Cluny, em Paris. Cinco deles representam os sentidos humanos: olfato, tato, visão, audição e sentido gustativo. A sexta tapeçaria representa o desejo. Como os tapetes se encontram dispostos em círculo, o espectador pode concluir que desejo pode tanto ser a primeira tapeçaria da série exposta, ou a última.
Muitos poderiam ser os pontos de partida para dar substância às nossas reflexões sobre Corpo, assunto que se colocou no centro de nossos pensamentos nesse momento. Entretanto, por vários motivos que vale a pena ressaltar, foram as tapeçarias da idade média que surgiram como fonte inspiradora.
Em primeiro lugar porque elas descrevem como um Corpo, onde quer que esteja, entra em contato com o mundo exterior, através da sensorialidade que lhe é própria e de seu desejo, sempre singular, que articula todas suas manifestações.
Relembrar que essa experiência humana é atemporal abre a perspectiva do olhar psicanalítico sobre o Corpo daquelas cujas vidas, como as nossas, se desenvolvem no continente Latino Americano.
As tapeçarias carregam em si o fazer dos artesãos que, de posse de seus sentidos e desejo, construíram essa obra de arte paradigmática do período medieval. [2] 
Foram tecidas seis tapeçarias, mas vejam que em nossa imaginação apenas cinco delas aqui aterrissaram. Afinal, não precisamos daquela que representa o desejo, aquele que mobilizava os europeus de 1500. Desejo temos o nosso e através dele, que movimenta os sentidos, colocaremos nossa psicanálise em visibilidade.
E por que retroceder no tempo para buscar inspiração?


Segunda viagem: atravessando os mares

Para responder essa questão, uma breve lembrança dos estudos sobre História da colonização de nosso território. Sabemos que nesse período por aqui aportaram nossos colonizadores. Aqueles que, de posse de seus corpos sobrecarregados de vestimentas e armaduras, se surpreenderam ao encontrar
mancebos de bons corpos, sendo esses tão limpos e tão gordos e tão formosos que não podia mais ser”.
...” A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes. Andam nus sem nenhuma cobertura ostentando seus corpos com tanta inocência como tem em mostrar o rosto.
...Esses homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse as vergonhas, desconheciam o pudor dos homens brancos. [3]
Nossa história construída nos últimos 500 anos ainda movimenta os corpos sociais, antropológicos, psicanalíticos, enfim, culturais, sensíveis que são, com as marcas de sua origem e conduzidos pelas inquietações produzidas em nosso cotidiano. Os tapetes sensoriais, deitados na terra, sobre os quais pulsam nossos desejos, se acomodaram ao novo solo que os recebeu e lhes ofereceu uma nova composição.

Terceira viagem: psicanálise em território latino-americano

Aqui, entre nós, latino americanos de língua portuguesa, foi de um modo muito peculiar que a psicanálise se fez presente. Foram as leituras dos artigos que Freud recém publicara em Viena que o desejo de Durval Marcondes[4] em relação à psicanálise se acendeu. Assim, em torno de 1929 ele a trouxe para nosso território como um alento ao tratamento de doenças ditas mentais.
Não custa lembrar que as pacientes histéricas que auxiliaram Freud a criar o método psicanalítico, deixavam à mostra no próprio corpo a potência do mundo psíquico, este que viemos a compreender através das reflexões freudianas.
Até aqui, nada de mais. A psicanálise fez parceria em muitos lugares ávidos dos novos conhecimentos produzidos na Viena de 1900. Mas, nesse solo tropical, surgiu uma peculiaridade: a psicanálise recém chegada não se acomodou, como era de se esperar nos bancos universitários. Ela se associou ao movimento artístico dos mais férteis que já se teve noticia   por aqui.
Psicanálise e Vanguarda artista paulista se conheceram e se deram as mãos. Assim, um vínculo estreito e produtivo se construiu e deitou suas raízes híbridas e renovadas nesse novo continente.  Desde o início, o corpo psicanalítico se vestiu com a arte, essa que jamais prescinde da sensorialidade tanto para ser construída quanto para ser reconhecida. A arte brasileira que surgia como segunda pele da psicanálise nos idos de 1929 foi curiosamente denominada Antropofágica[5], aquela que elegeu o Corpo como alimento.
Como não poderia deixar de ser, a psicanálise, com seu corpo vienense foi aclimatada em vários pontos do território Latino Americano a partir de 1900. Se a consideramos tal qual um Corpo de linguagem ela foi traduzida conforme a gramática e sintaxe da região na qual se estabeleceu. Seu Corpo surge então coberto com a cultura sócio política local. 

Chegamos
A partir desse breve olhar retrospectivo, para situar reflexões sobre o Corpo em nossa psicanálise latino americana, retornamos ao território europeu, agora na Paris de 1985/89, onde encontramos Didier Anzieu.
Ao reconhecer a pele como um envelope que contém o corpo, Anzieu propõe uma sofisticada teoria sobre a construção psíquica a partir das experiências das superfícies do corpo. O Eu- pele.
Para começar, vamos abrir os envelopes sensoriais de Anzieu sobre nossos tapetes medievais trazidos pela nossa imaginação e deixar surgir novas reflexões psicanalíticas. Nosso Corpo Psicanalítico inicia assim, com seus sentidos em franca atividade uma abertura para novos movimentos.

Texto de autoria de Cintia Buschinelli (SBPSP) baseado nas pesquisas e discussões desenvolvidas pela comissão da Diretoria de Cultura e Comunidade da FEPAL.




II –CORPO ANIMA

“O Ego é antes e acima de tudo                                                                        um ego corporal” (S. Freud, O ego e o id, 1923)
“Para muitos pensadores, no final do século XIX, o corpo era um pedaço de matéria, um feixe de mecanismos. O século XX restaurou e aprofundou a questão da carne, isto é, do corpo animado”. (Merleau-Ponty, M. Signes. Paris, Gallimard, 1960 p.287)

O corpo animado é uma invenção do século XX.
Pensadores como Freud, Merleau-Ponty e Marcel Mauss, entre outros, instauram o corpo tanto ligado ao inconsciente, quanto como “encarnação da consciência” e inserido nas formas sociais.
Mas o corpo como construto social afirma-se verdadeiramente a partir da década de 60, surgindo principalmente como expoente nos movimentos individualistas e igualitaristas de protesto contra os valores e hierarquias culturais, políticas e sociais vigentes.
Mulheres e gays bradam “Nosso corpo nos pertence”.
Minorias de raça, classe e gênero, corpos oprimidos e marginalizados são empunhados como bandeira, questionando o poder instituído.
Anos 70, o corpo, instrumento crucial de libertação, promessa de uma revolução, demolindo a censura sobre ele, tal como Freud levantara a censura sobre o inconsciente.
Desde então ele carrega e ostenta as marcas de gênero, classe ou origem e estas não desejam mais ser apagadas.
O corpo material, orgânico, de carne e sangue, passa a ser visto como agente ativo/passivo, instrumento/produto de práticas sociais, corpo subjetivo, eu-pele, envoltório material das formas conscientes e das pulsões inconscientes.
Ao mesmo tempo, jamais ele foi penetrado antes como é agora pelas tecnologias de visualização médica, jamais o corpo íntimo, sexuado, conheceu uma superexposição tão obsessiva, jamais as imagens das brutalidades sofridas pelos corpos nas guerras tiveram equivalente em nossa cultura visual.
As reviravoltas que as artes plásticas, a fotografia, o cinema contemporâneos irão trazer à imagem do corpo, servirão de guia, a nós psicanalistas latino-americanos, em nossa busca por uma interrogação reflexiva a respeito do tema.

Texto de autoria de Ana Maria Brias Silveira (SBPSP) baseado nas pesquisas e discussões desenvolvidas pela comissão da Diretoria de Cultura e Comunidade da FEPAL.

III OS PSICANALISTAS E A COMUNIDADE

Nós, psicanalistas, queremos chegar à comunidade e mostrar que a psicanálise pode servir como um instrumento para contar-se, narrar-se, para entender o que se passou em nossa história pessoal que faz com que nossa vida seja esta e não outra.

Há algum tempo, no entanto, nos sentimos desconectados do nosso entorno, seja porque os pacientes não nos procuram, seja porque não nos apresentamos para responder às necessidades comunitárias.

Existem situações problemáticas ou dolorosas que surgem em nossas comunidades, em nossos países, e gostaríamos de responder a elas. Chegamos à atenção comunitária, portanto, somente se somos convidados a atender à necessidade de uma comunidade.

Desta forma, porém, corremos o risco de nos convertermos em magos, médicos-xamânicos que resolveriam as necessidades dos que pedem ajuda. Na assepsia da intervenção, seríamos objetos onipotentes, civilizados e portadores de uma cultura, desembarcando para analisar uma cultura estranha, não civilizada, outra. Acontece que os outros somos nós, negros, índios, brancos, inseridos neste meio em que vivemos, que compreendemos, e que é parte do tecido que nos constitui e que constituímos.

Precisamos da demanda de ajuda da comunidade assim como precisamos do motivo de consulta do paciente, e essa demanda é a chave que nos permitirá entrar no mundo destas pessoas para construir um tecido de sentido. Todavia, como também acontece nos consultórios, há demandas que são armadilhas e que nos levam por caminhos equivocados, tornando nossa intervenção parte da dor, e não do desembaraço da história. Como psicanalistas, queremos chegar às comunidades e àqueles que estão dispostos a nos deixar intervir nelas, certamente terceiros que o possibilitarão, pagando, convocando e permitindo o espaço.

A demanda de ajuda para uma comunidade é, com frequência, uma demanda grupal - intervenção num grupo reunido por uma situação comum, sofrimento comum, etc. – que, não raro, revela demandas individuais, às vezes apenas uma necessidade de ser escutado na intimidade do encontro singular, no qual cada um pode narrar-se a partir de si mesmo e busca encontrar-se. Desta maneira, o trabalho individual se converte num segundo tempo desta intervenção primeira, grupal.

Intervir numa comunidade implica sair da cultura em que nos movemos e enfrentar outras formas de relacionamento que convivem em nossos países, podendo estas estar atravessadas, no sentido manifesto, por diferenças raciais, geográficas ou socioeconômicas, mas que no sentido latente, em diversas medidas, ora compartilham e ora se distanciam da cultura daqueles que intervêm. Atrever-se a olhar para as diferenças culturais implica um desafio que compreende, muito além da posição de pretender curar, a possibilidade de aprender, a partir da diferença, outras formas de relacionamento humano.

 Camila Gutiérrez Cardoso - SOLCOPSI




IV- ESCUTA COLETIVA

A contemporaneidade convoca a psicanálise e, principalmente, suas instituições que zelam por sua especificidade, por sua vitalidade e transmissão. 

Ao longo da história dessa área do conhecimento humano, em nome de um purismo metodológico, as Sociedades de Psicanálise isolaram-se de outras instituições de saúde e muitos de seus participantes cristalizaram uma posição de intelectuais críticos, de especialistas idealizados, à margem dos acontecimentos da vida cotidiana.

A saúde mental, nossa área de atuação, espera que enfrentemos os desafios de tomar em consideração as demandas mais amplas da sociedade, manifestas ou ocultas, e a existência das diferenças, tanto territoriais quanto das minorias.

Sensibilizarmo-nos às novas formas de segregação é praticar uma psicanálise viva, recuperando corajosamente seu caráter revolucionário, com foco na singularidade, explorando sua maneira radical de enxergar a subjetividade.

Somente a partir dessa posição e de uma escuta coletiva, atravessada por pressupostos freudianos, como as noções de sexual e inconsciente, será possível alcançar e modificar a comunidade: através da cultura, da reflexão e de uma educação marcada pela emoção e pela libido.  

Oswaldo Ferreira Leite Netto (SBPSP) – suplente da Diretoria de Cultura e Comunidade da FEPAL




 (versão em espanhol dos textos acima)



Proposta de la Dirección de Cultura y Comunidad de Fepal (2014-16)

CUERPO
El cuerpo humano es sensible y deseante.
Innumerables reflexiones surgen cuando se presenta la palabra Cuerpo. Como psicoanalistas, habituados a la búsqueda de significado de las experiencias psíquicas, el origen de las mismas siempre nos ha atraído.
Una de las variadas inspiraciones que ese tema despierta ha nacido de los tapices de La Dama y el Unicornio, que están en exhibición en el Museo de Cluny en París. Son seis tapices, cinco representan los sentidos y el sexto representa el deseo. Como los tapices se encuentran dispuestos formando un círculo, el espectador puede concluir que el deseo puede ser tanto la primera como la última obra.
Habiendo llegado del territorio europeo de la Edad Media, imaginamos los tapices fuera del museo, en suelo latinoamericano, impregnándose de las impresiones socio-culturales del Nuevo Mundo.
Y es caminando por ese fértil suelo que nuestra mirada se dirige hacia el Cuerpo latinoamericano atravesado por el tiempo, por la historia de sus religiones y de sus países, atravesado por la política, recostado en sus raíces multiculturales.
A partir de todo ese recorrido surge nuestra propuesta de pensar la construcción social de nuestros cuerpos y colocar en evidencia sus marcas, creando una especie de cartografía del cuerpo: sus expresiones en las múltiples manifestaciones artísticas, su deseo, el gesto sensual, los tonos de piel, el sueño del cuerpo, la confusión del cuerpo, la furia del cuerpo, cuerpos torturados, cuerpos desaparecidos, el dolor del cuerpo, el cuerpo ausente.
Dentro y fuera del consultorio, el tema es un disparador sobre la praxis del psicoanalista en los diferentes espacios donde el cuerpo es el soporte de diversas modalidades de intervención clínica. El psicoanalista implicado en su lugar de pertenencia, aquel que emerge del tejido social con tramas derivadas del particular mestizaje de América Latina.  
Los invitamos a explorar esos temas que nos confrontan con los fenómenos del mundo, aún inusitados para todos nosotros. A partir de captar lo momentáneo, lo circunstancial, de las marcas del pasado y de lo que impera hoy en nuestro continente ¿hacia dónde se dirigirá nuestra mirada?
Finalmente, las experiencias socio-culturales y políticas impresas en el Cuerpo latinoamericano serán desmenuzadas desde el punto de vista psicoanalítico en el 31º Congreso de FEPAL, en septiembre de 2016, en Cartagena.
ATIVIDADES PROGRAMADAS:
SIMPÓSIOS DE COMUNIDAD Y CULTURA:
Dias 19 y 20 de junio de 2015, LIMA – PERÚ
Dias 27 y 28 de febrero de 2016, México, DF – México en parceria con la Directoria de Consejo Profesional
Dias 8 y 9 de abril de 2016, SÃO PAULO – BRASIL

Magda Guimarães Khouri – Diretora de Comunidad y Cultura
Oswaldo Ferreira Leite Neto- Suplente da Diretoria de Comunidad y Cultura


I-CUERPO

Primer viaje: imaginación

Nosotros aquí, en el año 2014, situados con propiedad en territorio latinoamericano, en pleno siglo XXI, dirigimos nuestra mirada hacia el horizonte medio escondido - como no podría dejar de estarlo, por la presencia de edificios que quieren arañar el cielo- y vimos aterrizar en nuestro suelo caliente y húmedo, cinco alfombras mágicas.
Tocaron el piso con suavidad. Nos dimos cuenta que venían de lejos, de un tiempo y espacio hace mucho relegados.
Sin esfuerzo, notamos aún a la distancia la rara belleza que de ellas emanaba. De cerca, al tacto, percibimos que habían sido tejidas con hilos de lana y seda, por lo tanto poco apropiadas para nuestros días calientes, otrora lluviosos.
Era verdad que exhalaban un olor de cosa antigua proveniente de lugares distantes, posiblemente de encierro entre cuatro paredes. La delicadeza de algunas, por poco, por muy poco, no nos hizo probarlas para sentir su sabor. Sus dibujos nos parecieron tan reales que casi podíamos oír los pasos de la dama que estaba allí acomodada con su unicornio.
Nuestra imaginación no dejó de reconocer que las alfombras aterrizaron en nuestro suelo, por donde caminan pies descalzos, sonrisas anchas, cuerpos que no aceptan con facilidad, hace mucho, ser cubiertos y protegidos en lo que todavía les resta de natural.
Nuestra curiosidad despertada por el deseo de conocer, aquel que nos acompaña desde siempre, nos hizo saber que habían venido de las frías paredes europeas. Supimos que alrededor del 1500, mientras los navegadores portugueses y españoles atravesaban el Atlántico para llegar a este lado del mundo, artesanos medievales, en plena pose de sus sentidos y deseos, tejieron en lana y seda seis tapices que recibieron el nombre de La dama y el unicornio[6].   
Estos magníficos tapices están expuestos en una pared circular en el Museo de Cluny en París. Cinco representan los sentidos humanos: olfato, tacto, vista, oído y gusto. El sexto tapiz representa el deseo. Como los tapices se encuentran dispuestos en un círculo, el espectador puede concluir que el deseo puede tanto ser el primero como el último tapiz de la serie expuesta.
Podrían ser muchos los puntos de partida para dar substancia a nuestras reflexiones sobre el Cuerpo, asunto que colocamos como centro de nuestras reflexiones en este momento. Sin embargo, por varios motivos que vale la pena resaltar, fueron los tapices de la edad media que surgieron como fuente de inspiración.
En primer lugar, porque describen cómo un Cuerpo, donde quiera que esté, entra en contacto con el mundo exterior: a través de la sensorialidad que le es propia y de su deseo, siempre singular, que articula todas sus manifestaciones. Recordar que esa experiencia humana es atemporal abre la perspectiva de la mirada psicoanalítica sobre el Cuerpo de aquellos cuyas vidas, como las nuestras, se desarrollan en el continente Latinoamericano.
Los tapices llevan en sí el hacer de los artesanos, que en pose de sus sentidos y deseo, construyeron esa obra de arte paradigmática del período medieval[7].  
Fueron tejidos seis tapices, pero noten que en nuestra imaginación apenas cinco aterrizaron por aquí. Al final, no precisamos de aquél que representa el deseo, aquél que movilizaba los europeos del 1500. Deseo tenemos el nuestro y a través de ese deseo que mueve los sentidos, colocaremos nuestro psicoanálisis en evidencia.
¿Y por qué retroceder en el tiempo para buscar inspiración?

Segundo viaje: atravesando los mares 
Para responder a esa pregunta, cito un breve recuerdo de la Historia de la colonización de nuestro territorio. Sabemos que en ese período nuestros colonizadores hicieron su contribución, los mismos que de pose de sus cuerpos sobrecargados de vestimentas y armaduras, se sorprendieron al encontrar:
“mancebos de buenos cuerpos, tan limpios y tan gordos y tan formosos que no podían ser más”
…”su aspecto es pardo, algo rojizos, de buenos rostros y buenas narices. Andan desnudos sin nada que los cubra, ostentando sus cuerpos con tanta inocencia como tienen en mostrar el rostro.
…Esos hombres pardos, todos desnudos, sin nada que les cubriese las vergüenzas, desconocían el pudor de los hombres blancos”[8].  
Nuestra historia que fue construida en los últimos 500 años aún mueve los cuerpos sociales, antropológicos, psicoanalíticos, en fin, culturales, que son sensibles a las marcas de su origen y conducidos por las inquietudes producto de nuestro cotidiano. Los tapices sensoriales, apoyados en la tierra, sobre los cuales pulsan nuestros deseos, se acomodaron al nuevo suelo que los recibió y les ofreció una nueva composición.  

Tercer viaje: el psicoanálisis en territorio latinoamericano
Entre nosotros, latinoamericanos de lengua portuguesa, el psicoanálisis se hizo presente de una manera muy peculiar. Fueron las lecturas de los artículos de Freud recién publicados en Viena que despertaron el deseo de Durval Marcondes[9] por el psicoanálisis. Así, alrededor de 1929, lo trajo para nuestro continente como un aliento para el tratamiento de las enfermedades llamadas mentales.
No perdemos nada al recordar que las pacientes histéricas que ayudaron a Freud a crear el método psicoanalítico, dejaban a la vista en el propio cuerpo la potencia del mundo psíquico, éste que vinimos a comprender a través de las reflexiones freudianas.
Hasta aquí, no gran cosa. El psicoanálisis se asoció con muchos espacios ávidos por los nuevos conocimientos producidos en la Viena de 1900. Pero, en este suelo tropical, surgió una peculiaridad: el psicoanálisis recién llegado no se acomodó, como era de esperarse, en los claustros universitarios. Se asoció a un movimiento artístico, uno de los movimientos más fértiles que ya conocimos por aquí.  
Psicoanálisis y Vanguardia artística paulista se conocieron y se dieron las manos. Así, un vínculo estrecho y productivo se construyó y echó sus raíces híbridas y renovadas en este nuevo continente. Desde el inicio, el cuerpo psicoanalítico se vistió con arte, ese arte que jamás prescinde de la sensorialidad tanto para ser construido cuanto para ser reconocido. El arte brasileño que surgía como segunda piel del psicoanálisis en los años de 1929 fue curiosamente llamado Antropofágico[10], aquél que escogió el Cuerpo como alimento.
Como no podría dejar de ser, el psicoanálisis con su cuerpo vienense, fue aclimatado en varios puntos del territorio Latinoamericano a partir de 1900. Si lo consideramos como un Cuerpo de lenguaje, fue traducido conforme la gramática y sintaxis de cada región en la cual se estableció. Su Cuerpo surge entonces cubierto con la cultura socio-política local.
Llegamos
A partir de esta breve mirada retrospectiva, para situar reflexiones sobre el cuerpo en nuestro psicoanálisis latinoamericano, retornamos al territorio europeo, ahora a París, en 1985-89 donde nos encontramos con Didier Anzieu.
Al reconocer la piel como una envoltura que contiene el cuerpo, Anzieu propone una sofisticada teoría sobre la constitución psíquica a partir de las experiencias de las superficies del cuerpo. El yo-piel.
Para comenzar, vamos a abrir las envolturas sensoriales de Anzieu sobre los tapices medievales convocados por nuestra imaginación y permitir que surjan nuevas reflexiones psicoanalíticas. Nuestro Cuerpo Psicoanalítico inicia, así, con sus sentidos en franca actividad una apertura para nuevos movimientos. 
La autora de este texto es Cintia Buschinelli (SBPSP), quien lo desarrolló con base en a las investigaciones y discusiones que se llevaron a cabo en la comisión de la Dirección de Cultura y Comunidad de Fepal.

II- CUERPO ANIMA

“El Yo es, ante todo, un ser corpóreo, y no sólo un ser superficial, sino incluso la proyección de una superficie.” (S. Freud, El Yo y el Ello, 1923)

“Para muchos pensadores, en el fin del siglo XIX, el cuerpo era un fragmento de materia, un manojo de mecanismos. El siglo XX restauró y profundizó la cuestión de la carne, esto es, del cuerpo animado”. (Merleau -Ponty, M. Signes. Paris, Gallimard, 1960 p.287)

El cuerpo animado es una invención del siglo XX. Pensadores como Freud, Merleau-Ponty y Marcel Mauss contribuyeron para la instauración del cuerpo ligado al inconsciente, como “encarnación de la consciencia”, y para su inserción en las formas sociales.
Pero el cuerpo como constructo social se afirmó recién a partir de la década del 60 cuando surgió como exponente de los movimientos individualistas e igualitaristas de protesta contra los valores y jerarquías culturales, políticos y sociales vigentes. 
Mujeres y gays clamaron: “nuestro cuerpo nos pertenece”. Minorías de raza, clase y género, cuerpos oprimidos y marginalizados, fueron empuñados como bandera para cuestionar el poder instituido.
Años 70, el cuerpo es un instrumento crucial de liberación, promesa de una revolución. Demuele la censura que pesa sobre él, tal como Freud levantara la censura del inconsciente.
Desde entonces, carga y ostenta las marcas de género, clase u origen y éstas no desean más ser apagadas.
El cuerpo material, orgánico, de carne y sangre, pasa a ser visto como agente activo/pasivo, instrumento/producto de prácticas sociales, cuerpo subjetivo, yo-piel, envoltorio material de las formas conscientes y de las pulsiones inconscientes.
Al mismo tiempo, el cuerpo nunca había sido penetrado antes como lo es ahora por la tecnología de diagnóstico por imagen; ni el cuerpo íntimo, sexuado, había conocido una sobreexposición tan obsesiva. Tampoco las imágenes de las brutalidades sufridas por los cuerpos en las guerras habían tenido un equivalente semejante al actual en nuestra cultura visual.
Las transformaciones que las artes plásticas, la fotografía y el cine contemporáneo serán capaces de realizar en la imagen del cuerpo nos servirán de guía en la búsqueda de un cuestionamiento reflexivo sobre el tema.
La autora de este texto es Ana Maria Brias Silveira (SBPSP), quien lo desarrolló con base en a las investigaciones y discusiones que se llevaron a cabo en la comisión de la Dirección de Cultura y Comunidad de Fepal.



III- LOS PSICANALISTAS E LO COMUNITARIO
Texto de autoria de Camila Gutiérrez Cardoso - SOCOLPSI
Los psicoanalistas queremos llegar a las comunidades, y contar que el psicoanálisis puede servir, puede ser un instrumento para contarse, para narrarse, para entender que fue lo que pasó en el relato personal que hace que nuestra vida sea esa y no otra.
Así mismo desde un tiempo para acá nos sentimos desconectados de nuestro entorno, ya sea porque los pacientes no nos buscan, o porque no estamos para dar respuesta a esas necesidades que nuestras comunidades necesitan.
Existen situaciones problemáticas, o dolorosas que aparecen en nuestras comunidades, en nuestros países y quisiéramos responder a ellas. Es así como llegamos a la atención comunitaria, se nos pide que atendamos una necesidad de una comunidad.
Caemos entonces en el peligro de convertirnos en el mago, médico - chamánico, que resolverá el pedido de ayuda de aquellos que necesitan. Entrando en la asepsia de la intervención seremos nosotros objetos omnipotentes, que solucionarán las necesidades de la comunidad. Nosotros civilizados, portadores de una cultura, llegaremos a ver esa cultura otra, no civilizada, otra. Y resulta que los otros somos nosotros mismos, los negros, los indígenas, los blancos, somos nosotros mismos que estamos en esta cultura y vivimos y entendemos en este entorno que es también parte del tejido de lo que somos nosotros mismos.
Necesitamos la demanda de ayuda de la comunidad, así como necesitamos del motivo de consulta del paciente, y es esa demanda la llave que nos permitirá entrar en el mundo de estos pacientes para construir un tejido de sentido. Sin embargo, así como sucede con los pacientes, hay demandas que en sí mismas son trampas que nos llevaran por caminos equivocados y que harán de nuestra intervención una parte del dolor mismo y no del desanudamiento de la historia. Como psicoanalistas queremos llegar a comunidades y quienes estén dispuestos a dejarnos intervenir en ellas, muy seguramente terceros que serán quienes hagan posible esta intervención, pagando, convocando y permitiendo el espacio.
Frecuentemente la demanda de ayuda para una comunidad es una demanda grupal, una intervención en un grupo reunido por una situación común, sufrimiento común, etc, y es frecuente encontrar que luego de esto, aparecerán las demandas individuales, a veces solo la necesidad de ser escuchado en la intimidad del encuentro individual en el que cada cual puede narrarse desde sí mismo y busca encontrarse.  De esta manera el trabajo individual se convierte en un segundo tiempo a esta intervención primera.
Realizar una intervención en una comunidad implica salirnos de la cultura en la que nos movemos y enfrentarnos a otras formas de relación que conviven en nuestros países, que pueden estar atravesadas en lo manifiesto por diferencias raciales, geográficas o socioeconómicas. Y sin embargo en lo latente comparten y se distancian de aquellos que intervienen en muchas medidas. Atreverse a mirar las diferencias culturales implica un desafío que abarca más allá de la posición de pretender curar, la posibilidad de aprender desde la diferencia otras formas de relación humana.

IV- ESCUCHA COLECTIVA
La contemporaneidad convoca al psicoanálisis y principalmente a sus instituciones -que se encargan de cuidar de su especificidad, vitalidad y transmisión- de manera rotunda. 
En nombre de un purismo metodológico, a lo largo de la historia, las Sociedades de Psicoanálisis se aislaron de otras instituciones de salud y muchos de sus miembros cristalizaron un estilo de intelectualidad crítica, colocándose en una posición de especialistas idealizados al margen de los acontecimientos de la vida cotidiana.
La salud mental, nuestra área de actuación, espera que enfrentemos el desafío de considerar las demandas de la sociedad en un sentido más amplio, sean éstas manifiestas o no, y la existencia de diferencias, tanto territoriales cuanto de las minorías.
Sensibilizarnos con las nuevas formas de segregación es una manera de practicar un psicoanálisis vivo, recuperar valientemente su carácter revolucionario con foco en la singularidad y explorar su manera radical de entender la subjetividad.
Solamente a partir de esa posición y de una escucha colectiva atravesada por presupuestos freudianos, como las nociones de lo sexual y de lo inconsciente, será posible alcanzar y modificar la comunidad: a través de la cultura, de la reflexión y de una educación marcada por la emoción y por la libido. 
El autor de este texto es Oswaldo Ferreira Leite Netto (SBPSP), quien lo desarrolló con base en a las investigaciones y discusiones que se llevaron a cabo en la comisión de la Dirección de Cultura y Comunidad de Fepal.
  
Tradução: Abigail Betbede (SBPSP)



Síntesis del Symposium de Comunidad y Cultura
“Cuerpo: Expresión, Proximidad, Distancia”
Lima, 19 y 20 de junio de 2015

Por
Olga Montero Rose

  El psicoanálisis surge con la capacidad de sorpresa de Freud al percatarse que los cuerpos de sus pacientes hacían síntomas y se expresaban, transgrediendo y desafiando las rutas que la anatomía y la fisiología determinaban.
Parálisis arbitrarias que no seguían los caminos que la anatomía explicaría, cegueras que ocurrían sin presentar daño en ningún órgano. Freud nos develó que la psique pone voz al cuerpo y lo hace hablar desafiando su propia naturaleza. La psique se expresa entonces, desde sus propios significados y sentidos, desconociendo las rutas de la anatomía. Surge el psicoanálisis en el intento de descifrar un inconsciente que habla a partir de sus propias reglas y significados.
Freud descubre a partir del método psicoanalítico, un inconsciente habitado por contenidos sexuales reprimidos, representaciones intolerables y penosas que sus pacientes eliminan de su ser consciente. Freud nos devela desde el inicio, un conflicto entre los impulsos sexuales y los mandatos de la cultura, y esta interacción conflictuada la estudiará a lo largo de toda su Obra.
Según Peter Gay (1989) la creación de Freud, el psicoanálisis, “se presenta como la Némesis del ocultamiento , de la hipocresía , de las evasiones bien educadas de la sociedad burguesa”. (Gay, P. 1989 p 18)
Y nos dice Roudinesco (2007) que la histeria de la Viena de Freud traducía una contestación al orden burgués que inhibía el cuerpo de las mujeres. Freud devela esta revuelta silente cargada de contenidos sexuales y “le atribuyó un valor emancipador del cual se beneficiarían todas las mujeres” (Roudinesco, E. 2007 p 24)
Tenemos desde el inicio del Psicoanálisis este intento por entender la relación conflictiva que existe entre el cuerpo y las restricciones de la cultura. 
Muchos años han pasado desde las observaciones de Freud; no es fácil ahora encontrar esas formas de expresión corporal de aquellas mujeres de la época victoriana.
¿Cómo vemos y tratamos al cuerpo en la actualidad?
El psicoanálisis renueva sus preguntas.
El psicoanálisis manteniendo su esencia exploratoria y dialogante convoca a un symposium para pensar sobre el cuerpo.
Un symposium
¿Qué es un symposium?
Mi primera asociación me remite a aquel Symposium, texto de Platón, traducido también como “El banquete”. En él diversos filósofos nos contaban lo que pensaban acerca del amor; no discutían, ni discrepaban, cada uno nos contaba su punto de vista.
Y es así que en este simposium, los psicoanalistas inspirados en un Eros que tiende lazos, que se vincula, que incorpora y que escucha, convoca a profesionales de diversos oficios a conversar sobre el cuerpo.
La literatura, el cine, la fotografía, el teatro y las ciencias sociales fueron los insumos para esta exploración.
Y así empezamos a compartir diversos puntos de vista.
Desde el origen de la cultura, en la Grecia antigua, los contenidos atribuidos al cuerpo del hombre y de la mujer estaban cargados de descripciones categóricas, en un pensamiento binario plagado de contenidos excluyentes.
A la mujer le correspondía lo húmedo, poroso, flexible, cambiante, sin límites. Los contenidos valiosos se atribuían al hombre, poseedor de una mente seca y firme. Cuerpo cerrado, delimitado, sin posibilidad de desborde.
La mujer, debía ser confinada a lo doméstico, su única tarea era la reproducción y además en cautiverio pues había que dominar su sexualidad desbordada.
Es en el teatro clásico donde el hombre actúa, con el cuerpo cubierto, papeles de mujer. Sólo ahí puede explorar lo vulnerable, lo diferente, la otredad. 
Juegos de roles, máscaras y simulación. El otro, en su diferencia, en su diversidad nos amenaza… ¿No será que en la actualidad, y en muchos escenarios, eso sigue ocurriendo?
Las Ciencias Sociales, se sumaron al banquete y vinieron a darnos su aporte. Al inicio, nos dicen, no tuvieron en cuenta al cuerpo, estudiando tan sólo entidades: sin corporeidad y sin inconsciente. Sin embargo, posteriormente nos explican que no existe un cuerpo sin contexto. Ponen el énfasis en cómo las instituciones lo regulan, imponen hábitos, expresan su poder.
Las ciencias sociales en el Perú enfatizan su estudio en el cuerpo de la mujer que es víctima de la violencia. Políticas de terror que deshumanizan el cuerpo de las mujeres, anulan su alteridad, la “basurizan” simbólicamente. El cuerpo de la mujer deviene en botín de guerra y ensañamiento. Se convierte en espacio para ejercer la degradación y es depositario del odio.
Existen también otras formas de violencia hacia el cuerpo. Madres que no reconocen en sus hijos seres distintos a su propio deseo. El cuerpo de los hijos es tratado como prolongación narcisista de ellas mismas.
Cuando prima la falta, el cuerpo es utilizado a modo de escenario, expresa emociones que no encuentran otro espacio de elaboración. El cuerpo enferma, mostrando sus heridas psíquicas en la propia piel.
¿Existirá en estos casos posibilidad de resurrección simbólica?
El psicoanálisis y el arte nos ofrecen cada uno su propuesta.
El vínculo analítico surge en el encuentro de dos cuerpos que se hablan. La forma de este encuentro estará teñido del contexto social en que se dé, así como de la unicidad de cada uno de los integrantes de la díada psicoanalítica. El cuerpo del paciente habla, expresa emociones y afectos. El analista registrará lo que ocurre en su propio cuerpo como información de aquello que comunica su paciente. Intentará leer aquello que no fue leído, surgirán las palabras donde en algún momento sólo hubo silencio.
Se construirá un vínculo que registre las inscripciones emocionales para que el cuerpo no tenga que enfermar. Se posibilitan nuevos comienzos.
¿Y qué ocurre con el cuerpo del psicoanalista?
La forma como recibimos a nuestros pacientes, como los despedimos, como les hablamos, nos devela como personas. El analista con su cuerpo es transmisor de mensajes. Se apela a una naturalidad que mantenga la neutralidad.
Esta neutralidad se refiere a una presencia auténtica que permita el desarrollo de nuestros pacientes. El límite es la actuación.
El Arte frente al cuerpo sufriente nos ofrece una reparación simbólica.
Los testimonios de las víctimas de violencia devienen performances. En su expresión se busca la reparación, la justicia, la incorporación de su historia a la historia del Perú.
El Arte deviene testimonio de lo que ocurrió en nuestro país. Rescata nuestra memoria para que podamos asumir y aprender de aquello que pasó entonces.
27000 piedras, cada una llevando el nombre de un cuerpo que perdió su vida es una gran ejemplo de ello. Nos permite un entierro simbólico, así como preservar la presencia y el recuerdo de aquellos que perdimos en manos de la violencia[11].
El arte nos cuenta también la forma en que los cuerpos han sido vistos y representados. Cuerpos sensuales y perfectos y la historia de cómo esta perfección va cambiando de paradigmas. Cuerpos doloridos y sufrientes. La locura representada se convierte en protesta. La marginación y el aislamiento devienen condición de creatividad. Se hace de la locura una doctrina estética. La sociedad es la que está enferma, no el paciente psiquiátrico.
El cuerpo desaparece y aparece de nuevo. Se ensancha su presencia como un cuerpo en acción. Surgen los happenings y las performances. El cuerpo del espectador es ahora incluido. El cuerpo del espectador es ahora parte de la Obra.
El cuerpo en la literatura es también infinitamente vasto. Cuerpo erótico, cuerpo erógeno, cuerpo capaz de violencia. Eros y Tánatos con todos sus matices son representados en los personajes literarios.
El cuerpo del propio escritor mientras crea su personaje es incluido también en la reflexión. El creador crea transgrediendo los tabúes. En algunos casos, su propio cuerpo sufriente pareciera el requisito para escribir obras sublimes.
El cuerpo está hoy en el centro de la escena; cumple un rol protagónico de las imágenes que nos rodean. La división del cuerpo y el alma y la supremacía de la segunda ha ido perdiendo vigencia. Somos un cuerpo.
Nuestro cuerpo es el contenedor en el que habitamos y vivimos; es nuestro envoltorio vivencial, mental y sensorial. Y desde ahí contamos nuestras historias, sentimos la necesidad de representar y compartir nuestras vivencias emocionales y nos interesan también los relatos vividos por los otros.
Los conceptos de cuerpo, imagen y tiempo son universales, pero en particular son intrínsecos al cine. Un grupo anónimo a oscuras y con los ojos abiertos, en silencio, vivirá una nueva historia aspirando a ser captados por su magia.
El espectador suspenderá su incredulidad y el cuento ingresará a su cuerpo alimentado su imaginario.
Tuvimos también el privilegio de acercarnos a cómo la fotografía nos propone el desnudo como lenguaje. Nuestro cuerpo es lo que tenemos puesto, es el lugar del alma.
Autorretratos que cuentan una historia y permiten seguir la vida. Doble movimiento del arte: la necesidad de expresar y la posibilidad de ser leído. Ambos caminos válidos y en convivencia.
El acto mismo del arte transforma la historia; símil con el trabajo del psicoanalista que transforma la historia del paciente y lo acompaña en la construcción de una nueva.
¿ Y qué ocurre con las necesidades de aquellos que no tienen la capacidad de llegar a nuestros consultorios?
Nos encontramos también con psicoanalistas que rompen el mito del psicoanálisis elitista y poco accesible.
Colegas valientes y pacientes que tienden puentes, entre la medicina y el psicoanálisis, por ejemplo, ensanchando las fronteras del consultorio y poniéndonos en contacto con nuevas responsabilidades frente a las cuales el psicoanálisis tiene mucho que aportar.
Se acercan también a poblaciones sin recursos donde la violencia ataca la posibilidad de pensar, elaborar y metabolizar. Profesionales de la escucha, sensibles a las formas de segregación que existen. Aprenderemos de ellos.
Aprenderemos también de la creatividad de aquellos psicoanalistas que recrean el método psicoanalítico, en sincronía con la antropología y la historia, para seguir investigando en otras áreas de conocimiento.

Y aquí termina este banquete de propuestas e intercambio. Nos vamos enriquecidos con la reflexión compartida, con nuevos puntos de vista y seguramente con muchas más preguntas.
Nos despedimos entonces de este diálogo interdisciplinario que definitivamente, tomó cuerpo.

¡Gracias!




[1] La Dame à la licorne Musée de Moyen Âge Nacional (Musée Cluny) é considerada uma das maiores obras de arte da Idade Média.
[2] Nesse período a experiência da autoria, aquela na qual o objeto recebe explicitamente a marca do sujeito que a confeccionou não estava em evidência. Quase como se o Objeto tivesse primazia sobre o Sujeito. Sabemos que na Modernidade Sujeito e Objeto se transformaram em pares inseparáveis.
[3] Carta de Pero Vaz de Caminha, Maria Beatriz Nizza da Silva Ide São Paulo, 33(50) 26-35 2010
[4] Durval Marcondes......
[5] Há muito da psicanálise no seio desse movimento, como, por exemplo, o estudo de Totem e Tabu.
[6] La Dame à la licorne, Musée de Moyen Âge Nacional (Musée Cluny) es considerada una de las mayores obras de arte de la Edad Media.
[7] En ese período la experiencia de autoría, aquella en la cual el objeto recibe explícitamente la marca del sujeto que la confeccionó, no estaba en evidencia. Era casi como si hubiese una primacía del Objeto sobre el Sujeto. Sabemos que fue en la Modernidad que Sujeto y Objeto se convirtieron en un par inseparable. 
[8] Carta de Pero Vaz de Caminha, Maria Beatriz Nizza da Silva, IDE São Paulo, 33(50)26-35 2010 
[9] Durval Marcondes….
[10] Hay mucho de psicoanálisis en el seno de ese movimiento, como el estudio de Tótem y Tabú.

[11] Alusión al Memorial “El Ojo que Llora”.




Contribuições sobre o tema CORPO

A mentalidade de dieta e a História: o controle social do corpo da mulher 

A mulher do século XIX é vista como uma eterna doente. A suposta fragilidade física das mulheres era argumento contra sua profissionalização, contra a exposição das mulheres ao tumulto das ruas e à vida noturna, contra quase todos os esforços físicos, contra o abuso nos estudos, contra os excessos sexuais. A medicina da época apresentava as etapas da vida feminina como uma sucessão de crises temíveis, independentemente de qualquer patologia. Além da gravidez e do parto, a puberdade e a menopausa eram consideradas “provações perigosas” e as menstruações, “feridas dos ovários que abalam o equilíbrio nervoso”. As estatísticas provam que as mulheres sofreram, no século XIX, uma morbidez e uma mortalidade superior às dos homens. Justo na época das guerras napoleônicas, quando a mortalidade masculina cresceu enormemente.

A opinião púbica e numerosos médicos incriminavam a fraqueza da ‘natureza feminina’, causa biológica eterna e universal a justificar um fatalismo insuperável. A mortalidade das meninas, a partir dos cinco anos, em todos os países ocidentais no período oitocentista, aumentou. As causas confundem-se com as próprias “precauções” justificadas pela dita fragilidade feminina: uma vida menos sadia, alimentação insuficiente a pretexto de ser “mais leve” (a exclusão de carnes vermelhas na dieta das meninas era hábito corrente), falta de exercícios físicos e ar puro – as meninas viviam trancadas em casa - frequência baixíssima de banhos em nome do pudor (uma vez por mês depois do período menstrual) além de uma negligência maior nos cuidados maternos e uma acolhida pouco calorosa, desde o nascimento.

Pela descrição acima podemos entender de que forma ocorreu e ocorre o controle social sobre o corpo feminino. Não é à toa que a histeria de conversão cresceu enormemente no período vitoriano. O discurso médico muito contribuiu para que mulheres expressassem seus sofrimentos por meio de sintomas e sinais que mimetizavam doenças físicas - afinal eram as eternas doentes - revelando algumas condições sociais e a subjetividade da época. Sabemos que Freud nutria gosto pela arqueologia como modelo psicanalítico para a revelação do inconsciente. Um sitio arqueológico revela um modo de viver e de se relacionar, além de muitos outros aspectos importantes, portanto, é possível entender os sintomas de uma época ou ao menos sua psicoplastia como resultado do entrelaçamento dos níveis sociocultural, intrapsíquico e psicopatológico, indo além dos clássicos conceitos de neurose, perversão e psicose; problematizando a relação entre a psicogênese infantil e a cultural.

Se antes a mulher era uma eterna doente, hoje ela é uma eterna gorda, independente de seu peso e medidas. Seu corpo nunca cabe no corpo, revelando haver em cada mulher uma desleixada, que não sabe comer do jeito certo nem se cuidar da maneira correta.  Eis a mentalidade de dieta controlando e confundindo nosso paladar, fome, saciedade e o prazer em comer. Impondo formas e imagens ideais a todos os corpos. A mentalidade de dieta diz respeito às formas de controle dos corpos e da sensibilidade na atualidade.

Diante de um prato de comida, de um buffet ou mesmo da fome, encontramos pessoas perdidas, tentando contar calorias, saber o que é cientificamente permitido, emitindo opiniões sobre a comida e a alimentação. Essas opiniões são lastreadas em artigos científicos publicados em jornais ou revistas femininas e propagam um comer restritivo e regrado, alienado da subjetividade de quem se alimenta. Estamos desconectados do ato de saciar a fome com o alimento saboroso de nossa escolha e com a quantidade que sentimos ser suficiente. Nossa sociedade desaprendeu a comer, teme comer ou nem mesmo se permite comer e investigar a própria alimentação. Mediados por informações diferentes, nos encontramos perdidos diante do controle produzido por intermediários como: ciência, meios de comunicação, propaganda, moda, indústria, família e escola. Esses intermediários propagam uma nova moralidade, produzida pela a mentalidade de dieta, gerando a perda de autonomia do homem em relação a sua alimentação e ideais sobre a imagem e forma dos corpos.

Numa sociedade fóbica com a gordura produzimos mulheres envergonhadas e com medo de ocuparem os lugares públicos, favorecemos o aumento dos problemas e distúrbios alimentares e contribuímos para a alienação sujeito em relação aos sinais que deveriam guiar o comer (fome, saciedade e prazer). Junto a isso, cresce o sentimento de inadequação e de culpa individual.  As mulheres ainda são as maiores vítimas dessa estratégia de dominação por meio da desvalorização de seus corpos. Um sentimento de mal-estar é produzido em nome da inadequação da imagem corporal aos ideais sociais que igualam o feminino a jovem e a magro, compondo um quadro em que imagens fantásticas de corpos perfeitos produzem apenas mais e mais mal-estar.

Luciana Saddi, membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e mestre em Psicologia Clínica PUC-SP.

Bibliografia:
BARONE, L.M.C. et al. (2005). A Psicanálise e a Clínica Extensa. São Paulo, Casa do Psicólogo. 
BLOOM, C. et al. (1994). Eating Problems: A Feminist Psychoanalytical Treatment Model. New York, Basic Books.  
FOUCAULT, M. (1984). História da sexualidade: o uso dos prazeres. São Paulo, Graal, vol. 2, 2006.  
FREUD, S. (1895). Estudos sobre a histeria. In Sigmund Freud Edição Standard OPC, vol. 2. Rio de Janeiro, Imago, 1980. 
FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In Sigmund Freud Edição Standard OPC, vol. 7. Rio de Janeiro, Imago, 1980. 
FREUD, S. (1905). Fragmento da análise de um caso de histeria. In Sigmund Freud Edição Standard OPC. Rio de Janeiro, Imago, 1980. 
FREUD, S. (1908). Moral sexual civilizada e doença nervosa moderna. In Sigmund Freud Edição Standard OPC, vol. 9. Rio de Janeiro, Imago, 1980. 
FREUD, S. (1917). Conferências introdutórias sobre psicanálise. In Sigmund Freud Edição Standard OPC, vol. 16. Rio de Janeiro, Imago, 1980. 
GAY, P. (2000). A experiência burguesa: da rainha Vitória a Freud, vol. 2: A paixão terna. São Paulo, Companhia das Letras, 1988-1990. 
HERRMANN, F. et  Minerbo, M. (1998). Creme e Castigo – sobre a migração dos valores morais da sexualidade à comida. In Carone, I. Psicanálise fim século. São Paulo, Hacker, pp. 19-36. 
 HERRMANN, F. (2005). Clínica Extensa. In Barone, L.M.C. et al. A Psicanálise e a Clínica Extensa. São Paulo, Casa do Psicólogo, pp. 17-31. 
HERRMANN, F. Apesar dos pesares, texto inédito apresentado como conferência na SBPSP em abril de 2004.  
HERRMANN, F. Adição à adição, texto inédito apresentado como conferência na I Jornada Promud em novembro de 2003. 
HERRMANN, F. (2001b). Introdução à teoria dos campos. São Paulo, Casa do Psicólogo. 
MENNUCCI, L.E.S. (2007). No campo dos problemas alimentares: uma técnica de tratamento psicanalítica [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica.
ORBACH, S. (1978). Fat Is a Feminist Issue. New York, Paddington Press. 
ORBACH, S. (1986). Hunger Strike. New York, Norton. 
ORBACH, S. (2000). A impossibilidade do sexo. Rio de Janeiro, Imago. 
ROSES, P. (1983). Vidas paralelas: cinco casamentos vitorianos. Rio de Janeiro, Record (1997).  



FEPAL
FEDERACIÓN PSICOANALÍTICA DE AMÉRICA LATINA

I SIMPOSIUM DE CONSEJO PROFESIONAL
VI SIMPOSIUM DE COMUNIDAD Y CULTURA
Cuerpo: amor y muerte en la cultura mexicana. Diálogo con el psicoanálisis

Relatoría elaborada por
Alejandro Beltrán, Andrés Gaitán y Juan Carlos Paredes
Sociedad Psicoanalítica de México.

Los pasados 27 y 28 de febrero se llevó a cabo en la Ciudad de México un encuentro titulado “Cuerpo: amor y muerte en la cultura mexicana. Un diálogo con el psicoanálisis”, auspiciado por la Federación Psicoanalítica de América Latina (FEPAL) y organizado por las tres organizaciones locales afiliadas a la Asociación Psicoanalítica Internacional: la Asociación Mexicana Para la Investigación y Enseñanza del Psicoanálisis (AMPIEP); la Asociación Psicoanalítica Mexicana (APM) y la Sociedad Psicoanalítica de México (SPM).
Durante la inauguración, que contó con la presencia en el Presídium de los presidentes de las tres sociedades mencionadas: Dalia Guzik (AMPIEP); Ruth Axelrod (APM) y Andrés Gaitán (SPM);  ofrecieron palabras de bienvenida,  por parte de FEPAL,  su Presidente Fernando Orduz, la Directora de la Comisión de Consejo Profesional Delia Hinojosa, y la directora de la Comisión de Comunidad y Cultura Magda Khouri; y por parte de la IPA, Raquel Berman como Representante de la Comisión de Comunidad y Cultura.
Al evento asistieron alrededor de 250 personas que disfrutaron y se conmovieron con excelentes presentaciones en torno a la realidad actual de nuestro país, girando la temática alrededor del arte, la política y la violencia, aunque siempre tomando al cuerpo como eje.
A la par de cinco mesas de trabajo en las que representantes de los distintos grupos presentaron diversos trabajos, hubo cinco diálogos entre psicoanalistas y representantes de la cultura mexicana: escritores, periodistas y creadores teatrales.
 La Mesa 1, titulada “Cuerpo y Arte en México”, inició con la presentación de Ma. Eugenia Quijano, de AMPIEP, titulada “Mitos originarios y vacío de palabra en la identidad del mexicano”. En esta presentación se remarcaron las raíces prehispánicas de la identidad del mexicano que se han transmitido por generaciones a través de los mitos, de los cuales se presentaron algunos ejemplos. Se habló de la falta de posibilidades que enfrentan los indígenas en el choque cultural con la clase predominante y cómo todo ello ha desembocado en una falta de identidad en el mexicano actual.
A continuación, Susana Velasco (SPM) presentó su trabajo “Del cuerpo como objeto del arte al cuerpo como arte objeto”. Aunque el cuerpo siempre ha sido objeto de referencia y modelo de inspiración para el arte, con el surgimiento de nuevas corrientes artísticas desde principios del siglo XX, algunos conceptos asociados al arte decimonónico (como la experiencia estética o el concepto de belleza) sufren una transformación radical. El arte se vuelve ante todo conceptual y de acción y se enaltece lo dionisiaco ligado a lo pulsional erótico y tanático. Surge el arte a partir de objetos de uso cotidiano.
La autora señala algunos fenómenos producto de procesos de transculturación, determinados además por factores económicos y por el desarrollo científico y tecnológico, lo que aunado a la mala distribución de la riqueza genera heterogeneidad, diversidad y marginalidad, afectando las formas  de expresar dichos cambios en la cultura, en el arte y en el cuerpo.
A continuación, la autora profundiza en dos formas de manipulación corporal: la cirugía estética y el body art urbano, que parten de extremos opuestos de la escala socio-cultural y económica. El cuerpo en general y la piel en particular se convierten en superficie simbólica de expresión, en arte-objeto, con diversos símbolos utilizados en cada modalidad (tatuaje y cirugía estética). Señaló la relación que guardan con el sexo y los fetiches y el papel que juega el dolor en estas prácticas. Finalmente, articuló el tema con los conceptos “cambio catastrófico” de Bion y “conflicto estético” de Meltzer.
Para cerrar esta primera mesa, Cecilia Rodríguez, miembro a la vez de la Asociación Psicoanalítica de Guadalajara y de APM,  presentó “El cuerpo en escena”, dedicado a hablar de aquellos artistas que utilizan su cuerpo (u otros cuerpos, o partes de cuerpos) para expresarse en forma artística. En este sentido habló de Frida Kahlo y la forma en que, exponiendo su cuerpo roto, comunicaba, usando al arte como instrumento, su sensación interna, en una suerte de “fetichización” del cuerpo. Coincidiendo con el tema de transculturación, lo ejemplificó con la forma en que también se ha comercializado el arte de esta artista. Habló también de Gabriel Orozco y la forma en que utiliza una calavera como lienzo, extendiéndose después a utilizar otros restos humanos o elementos de alguna manera relacionados con la muerte para hacer arte. En otros casos se llega a la ejecución de “performances” en los que se exhibe o se defeca en público como forma de provocar, expresando lo que la autora denomina “un narcisismo tanático”. La autora ejemplifica con otros artistas, como Francis Alys en “La marcha de los niños”, que en este tipo de expresión artística también puede predominar Eros.
La discusión del público después de estas presentaciones se centró en la violencia que se vive actualmente, enfatizando cuán amedrentada se encuentra la población y lo difícil que es manejar los sentimientos que lo acompañan, como son, entre otros, enojo, miedo e impotencia.
El primero de cinco diálogos se dio entre Juan Vives (APM) y el escritor Antonio Tenorio, y se denominó “Las entretelas del proceso creativo”. En un ambiente amistoso, el autor lidió con las preguntas hechas por el psicoanalista, matizando constantemente sus respuestas con bromas y chanzas, muchas relacionadas con su experiencia en el diván analítico.
En opinión de este autor, los escritores, más que “creación”, hacen “recreación”. Ante la pregunta de si el creador nace o se hace, el escritor adoptó una postura en la que se puede concluir que en parte se nace y en parte se construye con trabajo y preparación.
A continuación Juan Vives planteó la pregunta de cómo se realiza el tránsito desde una idea más o menos brillante (algo que a casi todo mundo le ocurre) a una obra acabada en la que queda plasmada, lo que pocos logran. En conclusión, la respuesta del escritor fue que ese proceso es un producto de la voluntad, ya que el acto de escribir se parece más a la condena impuesta a Sísifo, empujando una piedra a la cima de una montaña sólo para que cayera al llegar arriba y tener que volver a empezar; o como le ocurrió a Orfeo, quien usando todas sus virtudes hubo bajó al infierno con la misión casi imposible de rescatar a su amada Eurídice y volverla al mundo de los vivos, y cuando su obra estaba casi consumada cometió un error que lo llevó a perderla para siempre.
En ese momento, Juan Vives señaló lo que denominó los dos mitos relacionados con el proceso creativo y el psicoanálisis: La idea de “yo no me analizo porque de hacerlo perderé mi creatividad”; y el contrario, esto es, pensar que “yo, que no soy capaz de crear, me analizaré para poder serlo”.
Finalmente, el autor se refirió a uno de sus últimos libros, El permanente estado de las cosas, para ejemplificar que sí debe haber algo de estructura para crear, no todo es aprendido, y afirma que para crear es necesario llegar a un estado parecido al onírico, en tanto que el sinsentido no se convierta en obstáculo y obstruya el proceso. 
Al arranque de la mesa 2, titulada ‘Cuerpo y política en México’, Juan Vives (APM) presentó el trabajo “Violencia estructural en el estado mexicano”, en el que hizo énfasis en la gran desigualdad que existe entre los distintos grupos sociales, señalando de manera particular a aquellos que viven en la pobreza, con carencias hasta de nutrientes básicos para el desarrollo normal. Estos, que no son pocos pues agrupan alrededor del 20% de la población mexicana,  enfrentan de manera más aguda una situación de vida sin opciones de mejoría, y dedican su existencia a sobrevivir e intentar escapar del hambre. En general, el autor detalla cómo las características socio-económicas del país constituyen una forma de violencia estructural que imposibilita el desarrollo de los que enfrentan desventajas, dificultando o haciendo imposible que escapen de su situación.
Sara Rodríguez (SPM) expuso el tema “Vergüenza y pudor: política del cuerpo femenino”. En este trabajo retoma la recomendación de Freud, de cuestionar las problemáticas tradicionalmente consideradas como privadas e individuales, y enmarcarlas en los mandatos de las instituciones sociales ya que  estas determinan la moral social instintiva. Trata la vivencia  de vergüenza y pudor en la mujer a partir de la construcción de la subjetividad de lo femenino, revelando la opresión, la sumisión y el rechazo a que es sometida, como algo históricamente construido por el contexto social y cultural.  Al hablar de política del cuerpo de la mujer la autora pretende hacer visible el mandamiento institucional acerca de cuál es el comportamiento que deben vivir las mujeres, en un orden social con el que se simboliza lo femenino relacionándolo con  la falta de plenitud, la inferioridad y la maldad, a la luz de las aportaciones del psicoanálisis como teoría cultural con perspectiva de género. Como antes lo había expresado Freud, las exigencias de la cultura –lo social- es lo que enferma a las personas, al respecto menciona: “los nocivos efectos de nuestra moral sexual «cultural», con la referencia a su significado para la difusión de la nerviosidad moderna”
A continuación, Cristina Oñate (AMPIEP) presentó el trabajo “El que no tranza no avanza: las corrupciones del cuerpo social”, en el que abordó la problemática mexicana desde dos ejes principales: considerar las políticas de Estado como corruptas e ineficientes, lo que ha llevado a un “Estado fallido”, y a un predominio, en la estructura de personalidad de los dirigentes políticos, de un trastorno psicopático de la personalidad. En su descripción, da la impresión de predominar una defusión instintiva, en la que Eros y Tánatos coexisten de manera independiente.
La controversia causada por esta mesa se manifestó de manera clara durante la sesión de preguntas y comentarios, de donde surgió una nueva polémica: ¿Cuál es el papel del psicoanalista frente a este tipo de violencia? ¿Cuál es el límite de la labor del psicoanalista?
La Dra. Raquel Berman habla acerca de su experiencia y de las experiencias que otros países han tenido frente a la tragedia. Situaciones en las cuales el psicoanalista salió del consultorio, formo brigadas de apoyo y proporciono el apoyo psicológico que consideraron pertinente en ese momento. El psicoanalista no debe mantenerse alejado de la sociedad, debe evitar enclaustrarse y trabajar como sí el mundo fuera de la consulta le fuera ajeno, hay que involucrarse como individuo social.
El Dr. Ricardo Carlino habla del psicoanalista como un profesional que no está fuera de lo social, no es equivalente el no inmiscuirse en las tramas sociales para no ser partícipe de lo social. El apoyo social por parte del analista proviene de su conocimiento y la disposición que hace de él para ayudar a cada individuo que acude a análisis a elaborar y crear herramientas que le permitan vivir en una sociedad que existe bajo las normas de la violencia y al mismo tiempo pueda transmitirlas al ponerlas en marcha.
Al final de esta mesa cuelga la duda de ¿qué es lo que el psicoanalista debe hacer?
Por la tarde, el Simposio inició con la mesa 3, titulada “Eros, cuerpo y necropolítica en la obra de Teresa Margolles”, en la que Tania Acosta y Alejandro Beltrán (SPM), y Fernando Orduz (FEPAL) hablaron de la obra de esta artista sinaloense.
Tania Acosta contextualizó en tres niveles la obra de esta artista nacida en Culiacán, Sinaloa, en 1963: el primero, como parte del giro conceptual que domina al arte contemporáneo,  donde la materialidad del objeto y la forma estética son secundarios a la crítica institucional que propone el artista. En un segundo nivel, Acosta propuso entender la obra de Margolles desde el momento histórico que vive México, en particular, desde el desmantelamiento del Estado bienestar y la así llamada guerra en contra de las drogas. En ese sentido, desde la perspectiva de Acosta, Margolles elabora las estrategias de destrucción sistemática de lo diferente por parte del poder instituido, a partir de la lógica de la necropolítica, término acuñado por el filósofo Achille Mbembe, para designar la ubicación de la población desde la óptica de lo desechable, donde la muerte y la tortura son opciones válidas para la consecución de objetivos políticos.
Por su parte, Alejandro Beltrán desarrolla la premisa de que la obra de Margolles pone en escena la implementación de una biopolítica en México tanto por los grupos delictivos como por el Estado. Las piezas de Margolles documentan, entonces, no solo la violencia indiscriminada que impera en el país, donde la muerte violenta se ha vuelto cotidiana; su trabajo busca, además, evidenciar las nuevas formas en que los grupos del poder buscan modificar la vida social, económica, psicológica y biológica de las comunidades donde se desarrolla el conflicto armado, de tal manera que surja de la guerra un nuevo tipo de individuo, más acorde con las necesidades de reproducción social del poder instituido. Beltrán, propone, a su vez, que en el trabajo de Margolles se puede investigar las formas en que el poder busca modificar las estructuras psíquicas del individuo con miras de controlarlo y promover cambios permanentes en su subjetividad y comportamiento. A través del trauma, la identificación y la apelación a los supuestos básicos descritos por Bion, la violencia generalizada, descrita por Margolles, se convierte en vías para la producción y reproducción ampliada de nuevas formas de relación social.
Tanto para Acosta como para Beltrán, lo abyecto, lo marginal y lo residual, serán temas constantes en la obra de Margolles, donde son elaborados como datos ejemplares que resumen las características del momento histórico actual de México. Desde esta óptica, la así llamada guerra contra el narcotráfico no es un momento excepcional sino parte de una lógica de implementación de formas sociales por parte de los grupos en el poder. Es importante notar que el autor intercaló a lo largo de su presentación los rostros de los 43 estudiantes de la Escuela Normal Rural Isidro Burgos de la localidad de Ayotzinapa, Guerrero, desaparecidos hace año y medio, el 26 de septiembre de 2014.
Con otra perspectiva, Fernando Orduz nos deleitó con una carta que escribe a Margolles, carta en la cual manifiesta su admiración al valor y sensibilidad que posee para crear estas obras, carta de reconocimiento a su labor creativa durante estos años, carta de sorpresa frente a las obras creadas por ella, en fin, una carta “de amor” hacía la artista que se rodea de muerte. Fernando Orduz plantea el trabajo de Margolles desde la óptica de las constantes históricas, latinoamericanas en general, y mexicanas en particular, donde la violencia ha sido parte permanente del panorama político, económico y social. Sin descuidar las particularidades del momento histórico que vivimos, la guerra con el narcotráfico, Orduz busca desentrañar los principios formales y conceptuales de la obra de Margolles en la Conquista europea de las tierras americanas, las propias raíces indígenas donde la violencia tenía un lugar preponderante y, especialmente, la vinculación de la pulsión de muerte con los principios de amor y servidumbre propios del catolicismo.
En el segundo diálogo del día, Raquel Berman (AMPIEP) y la periodista Lydia Cacho elaboraron el tema: “Víctimas, victimarios y la cultura cómplice en los crímenes sexuales contra niñas y adolescentes”. Lydia Cacho ha sido mundialmente reconocida por su ética, su polémica, pero más que nada por el valor de enfrentarse al cuerpo político de México, develar sus secretos y enfrentarlos con la frente en alto. Las preguntas de la Dra. Berman llevaron a la reportera a narrar sus experiencias durante las investigaciones acerca de la trata de blancas y la prostitución infantil, relatando, por ejemplo, cómo hubo en algún momento de hacerse pasar por “bailarina” y descubrir que muchas veces era más seguro ser una mujer de la vida galante que una mujer común. Aclara cómo la edad es un factor importante en el deseo sexual de los hombres, incluso narró acerca de su pequeño altercado con los grupos de intelectuales al criticar la obra de García Márquez “Memorias de mis putas tristes” no sólo como plagio de una obra oriental sino por el contenido sexual de dicha obra en la que, sin fingir, un hombre, adulto mayor, “seduce” a una menor por medio de drogas.
Aunque sin usar términos psicoanalíticos, Lydia Cacho describió cómo en el abusador sexual hay un sentimiento de insignificancia, necesitando fortalecer su escasa virilidad al elegir como objeto sexual a una niña; habló también sobre cómo el abuso infantil se sostiene en tanto que la mujer se vive como objeto, pero en el momento en el cual la niña pasa de ser objeto a ser persona, la conciencia del abusador cambia y cesa con sus actos. Puso de manifiesto el sentimiento de inferioridad que los abusadores sexuales pueden sentir hacía la mujer, argumento que sostuvo al narrar se encuentro cara a cara con uno de ellos, quien a pesar de poseer poder político, agacho la mirada y se acobardó al serle sostenida la mirada sin temor.
El diálogo se prolongó y el tiempo para las preguntas fue muy corto, pero hubo dos preguntas que resonaron en el auditorio. La primera fue acerca de cómo había podido ella mantener la fortaleza ante tantas situaciones abrumadoras como puede ser un secuestro; la reportera sólo pudo decir que esta fortaleza se debe a la educación recibida en casa y la convicción de la propiedad de su cuerpo, además de la ayuda terapéutica que había recibido por parte de sus psicoterapeutas. La segunda fue si ella había considerado si detrás de la sexualidad del abusador infantil había un núcleo homosexual que intentaba rechazarse, esta pregunta no la pudo responder por completo, pero no descartó que así pudiera ser, aunque tendría que investigarlo para ser mucho más clara.
Esta sesión terminó con una invitación de Lydia Cacho a unirse a los grupos de ayuda que ha formado, en los cuales la ayuda psicoterapéutica siempre es bien recibida y muy necesitada.
La última sesión del día fue la mesa 4, con el título “Cuerpo y muerte en la cultura mexicana”, y estuvo compuesta por Elnora Jiménez (AMPIEP) con la ponencia “Vida y muerte: el cuerpo en el embarazo y la transmisión generacional”, Ruth Axelrod (APM) cuya ponencia fue “Muerte y sueños con sabor a la mexicana” y  Ángeles Figueroa (SPM) que expuso “El cuerpo se recupera: del dolor a la aceptación”.
Esta mesa se caracterizó por exponer sus temas con casos clínicos y establecer la concepción de la muerte dentro de las tradiciones mexicanas, como es el día de muertos.
Elnora Jiménez utilizó diversos elementos de la historia de la Malinche (Malintzin) para explicar la psicodinamia, tanto del personaje histórico, como del caso clínico de una mujer embarazada cuyas vicisitudes coincidían con diversos aspectos de la amante de Hernán Cortés, con quien procreó un hijo.
Ruth Axelrod expuso como el México la tradición del día de muertos funciona como un acto reparatorio y que la transmisión de esta tradición a los niños les inculca una visión y vivencia de la muerte que no es del todo catastrófica, siendo que la muerte es algo que debe confrontarse e incluso celebrarse por medio de la ofrenda que se pone durante los días primero y segundo de noviembre.
Ángeles Figueroa definió el proceso de duelo, haciendo énfasis en el hecho de que, ante las pérdidas, lo normal es sentir dolor por el empobrecimiento yoico consecuente. Hizo un recorrido por las etapas del duelo mencionando tres tipos de duelo complicado: crónico, inhibido y desautorizado, ejemplificándolos con breves viñetas clínicas. Para finalizar, describe las fases del duelo propuestas por Bowlby: aturdimiento, añoranza, desorganización y reorganización, utilizando los estados anímicos de un paciente como ejemplo.
El segundo día de labores inició con la quinta mesa de trabajo, titulada “Cuerpo en la cultura mexicana”.
La primera expositora fue Luisa Fernanda Mendizábal (SPM) con el trabajo “Intervención del psicoanálisis en la comunidad: los desastres en México”. Su presentación se basa en lo que la autora llama el Cuerpo Móvil del Psicoanálisis aplicado en la Comunidad a través del "Esquema y Modelo Tridimensional de Aparato Físico-Psico-Social (EyMT) para el Manejo de Crisis ante Desastres, Emergencias, Contingencias y situaciones de la vida diaria"(c), publicado en 1999.  La Socióloga y Psicoanalista Luisa Fernanda Mendizábal Montes expone que así como existen los aparatos respiratorio, digestivo, etc., se puede hablar del EyMT como una técnica psicoanalítica didáctica de fácil aplicación para prevención, detección, intervención y seguimiento en casos de emergencia y desastre, buscando evitar y/o aminorar el estrés postraumático. Dicho EyMT ha sido probado en el consultorio individualmente, en grupos pequeños, medianos y grandes con resultados positivos. La intención ahora es implementarlo en el Libro de Texto Gratuito SEP para apoyar a disminuir la agresión y violencia que se presenta en nuestra sociedad mexicana. En general, el modelo se basa en sensibilizar a las víctimas con respecto a la existencia e importancia de contenidos del mundo interno que pasan desapercibidos (inconscientes) pero no por ello permanecen inactivos, determinando las reacciones y emociones que el sujeto presenta como respuesta al evento traumático.
A continuación, Bianca Manrique (AMPIEP) presentó “El cuerpo enfermo y la palabra silenciada: México de mis dolores” en el que aborda también la problemática de violencia institucional que prevalece en el país, pero desde un punto de partida diferente, esto es, hablando de enfermedades de alta incidencia entre la población mexicana, al grado de constituir problemas de salud pública, como la obesidad y la hipertensión, como producto de un caldo de cultivo socio-cultural que favorece su aparición y desarrollo.
Para cerrar esta mesa, Ricardo Velasco (APM) cambia sustancialmente y en forma por demás refrescante el foco con su trabajo “La experiencia estética de Octavio Paz”, en el que desarrolla diversas analogías entre frases de la obra de Paz y conceptos psicoanalíticos diversos, entre los que citó a Bion, Winnicott, Green y Bollas, entre otros. Este trabajo cumple cabalmente con lo que el autor promete al principio, cuando manifiesta que su trabajo bien pudo titularse: “Todo lo que usted siempre quiso saber sobre el psicoanálisis, y no se atrevió a preguntar a un escritor mexicano”.
A continuación, y para terminar el encuentro, ocurrieron los últimos tres diálogos entre psicoanalistas y representantes de la cultura mexicana, teniendo todos en común la peculiaridad de que estos últimos: Sabina Berman, escritora, y Juan Carlos Vives y David Gaitán Rossi, ambos actores, productores y escritores de teatro, son todos hijos de psicoanalistas, e incluso el último de ellos, hijo de padre y madre psicoanalistas.
  Sabina Berman dialogó con Dalia Guzik (AMPIEP) sobre el tema “Cuerpos de mujeres en la frontera”, donde habló de su experiencia con el tema de lo que se ha denominado “Las muertas de Juárez”, refiriéndose a la ciudad fronteriza del norte de la República Mexicana. Dedicó principal atención a las vicisitudes ocurridas durante la filmación de la película Traspatio (Backyard), producto de un guion de su autoría. Entre las muchas ideas que nos compartió resalta el hecho de que han sido tantas las víctimas femeninas en esta ciudad que sus rostros y sus cuerpos desaparecen en un genérico universal, perdidos entre frases relacionadas con Derechos Humanos o feminicidios. La trama de la película, en particular, se desarrolla alrededor de un concepto dominante en el lugar, en donde el hombre, en un acto de reivindicación de su masculinidad que es realmente una perversión de la virilidad, debe matar a la mujer que ama (y que lo traicionó) para “que te saques lo puñal”, esto es, para no ser tildado de maricón. Para darnos una idea del ambiente que prevaleció durante la filmación, el set fue rodeado en una primera instancia, por indicaciones del gobierno local, por un círculo de militares; cuando el gobierno federal se enteró de ello, ordenó que dentro de ese primer círculo se instalara otro formado por agentes de la Procuraduría General de la República, “porque los militares no son confiables”. La producción de la película, por su parte, decidió organizar un tercer círculo dentro de los dos anteriores, formados por elementos de protección privada, muchos exmilitares norteamericanos que habían peleado en Irak, “porque los de la PGR nos corruptos”. A pesar de ello, un elemento del personal de la película murió durante la filmación, lo que llevó a Sabina Berman y demás actores y productores a proponer la suspensión de la misma, para no poner en riesgo a ninguna otra persona; pero cuando los participantes locales lo supieron les dijeron: “¡No sean cabrones! ¡No nos dejen solos!”, aludiendo al riesgo en que todos se habían puesto para apoyar la realización de la película y qué tan importante era para ellos que se consumara. Finalmente se logró la meta sin otros incidentes que lamentar.
Los últimos dos diálogos ocurrieron al alimón, dialogando primero Juan Carlos Vives con Delia Hinojosa (APM) y después David Gaitán Rossi con Alicia Briseño (SPM).
Juan Carlos Vives desarrolló el tema “Cuando el teatro es personaje en el teatro”, relatando como este estilo es utilizado por él como una forma de expresión de sus ideas, creando una forma de circuito imposible como los que expresa Escher en sus cuadros.
David Gaitán Rossi elaboró el tema de “La identidad del mexicano a partir del rechazo a la complejidad de carácter”, en donde expuso su opinión en cuanto a que el mexicano prefiere personajes casi unidimensionales, en donde uno o dos rasgos de carácter lo describen y alrededor de los cuales se desarrolla comúnmente toda la obra. En sus trabajos, intenta complejizar el carácter de sus personajes, haciéndolos más parecidos a las personas reales, que no son buenos ni malos, sino que contienen diversos rasgos que los vuelven más difíciles de clasificar.
Ambos creadores respondieron a diversas preguntas realizadas por la concurrencia en relación con sus motivaciones para escribir, las diferencias entre eso y actuar, dirigir o producir, y la forma en que consideran ha influido en su obra y en su persona el ser hijos de psicoanalistas.
Finalmente, se procedió a la clausura del evento con Fernando Orduz como presidente de la Federación Psicoanalítica de América Latina (FEPAL); Raquel Berman en representación de la Asociación Psicoanalítica Internacional (API); Cristina Oñate a la Asociación Para la Investigación y el Estudio del Psicoanálisis (AMPIEP); Delia Hinojosa representando a la Asociación Psicoanalítica Mexicana (APM); y Alicia Briseño como delegada de la Sociedad Psicoanalítica de México (SPM).